quarta-feira, 19 de agosto de 2009
GADGETS VERDES
O mineiro Maurício Carvalho, de 28 anos, não trabalha em uma ONG de preservação da Mata Atlântica nem costuma participar de passeatas em defesa da Amazônia. Mas vendeu a impressora para evitar a derrubada de árvores, cuida para que notebooks e desktops consumam menos energia e só usa pilhas recarregáveis, que sempre descarta em locais apropriados. O analista de sistemas integra uma legião crescente de consumidores de gadgets e computadores que passaram a se preocupar com o meio ambiente.
Ativistas digitais como Carvalho não veem problema em abandonar hábitos comuns. Em cinco anos,ele só precisou imprimir documentos três vezes.“Você se sente melhor, porque está poluindo menos”,diz. São pessoas que não se importam em pagar mais caro por equipamentos que causam menor impactoao planeta — um investimento que nem sempre é recuperado com o tempo. Quem compra hoje uma TV de LCD com iluminação por LED de 46 polegadas em vez de uma de LCD tradicional, vai gastar 2 600 reais a mais e consumir 35% de energia a menos. Se pensássemos apenas no bolso, seriam necessários 41 anos para recuperar na conta de luz esse investimento.
Ações como as adotadas por Maurício Carvalho ajudam a diminuir a parcela de responsabilidade dos aparelhos eletrônicos no aquecimento global. De acordo com um estudo de 2007 da consultoria Gartner, a indústria de tecnologia da informação produziu 2% das emissões de carbono do planeta. Na época, o número igualava-se ao gerado no setorde aviação. Parece pouco? Em um mundo cada vez mais digital, esse porcentual só tende a aumentar. As projeções do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), ligadoà ONU, são dramáticas. Segundo as análises mais recentes do órgão, a temperatura da Terra deve subirentre 1,1 °C e 6,4 °C no século 21. Dados de um estudo da Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês), divulgado em maio, indicam que, se computadores e gadgets mantiverem as mesmas formas de fabricação e funcionamento atuais, oconsumo residencial anual de eletricidade dessesprodutos saltará de 776 terawatts-hora, em 2010, para1 736 terawatts-hora, em 2030 (veja gráfi co na pág.38).
A diferença equivale à energia gerada pela usinade Itaipu durante cerca de 11 anos. A conta de toda essa eletricidade ficará em 20 bilhões de dólares. Aos poucos, as empresas também começam apensar de modo mais ecológico. Um estudo encomendadopela Symantec à consultoria Applied Researchmostrou que 73% das companhias brasileiras entrevistadas pretendem aderir a iniciativas verdes.Para 97% dos executivos consultados, ações na área de TI são fundamentais paraatingir esse objetivo. Nas empresas, o cuidado com o meio ambiente costuma vir acompanhado de uma redução de gastos. “Hoje, as duas coisas estão interligadas. Você consegue fazer economia de modo inteligente”, diz Wagner Tadeu, diretor geralda Symantec no Brasil.
MASHUP DE CARONAS
No Google, a ordem é causar o menor impacto possível ao planeta. A preocupação é uma das filosofias da empresa, que investe para tornar mais verdes os seus data centers — grandes consumidores de eletricidade — e também estimula hábitos conscientes entre os funcionários. “Para nós, a economia é um efeito colateral. Dedicamos recursos e investimentos que vão benefi ciar a tecnologia em si”, diz Alex Dias, diretor geral do Google Brasil. Os resultados são compartilhados com grupos de técnicos e pesquisadores de universidades.
Fonte: Planeta Sustentável
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